O bullying sempre esteve presente em toda sociedade, embora assumindo diferentes formas e diferentes contextos sociais, além disso, as pessoas o conceituam de forma diferente e de acordo com suas própria experiência com ele. Por esses motivos que na Coreia do Sul, o abuso escolar acaba sendo interpretado de maneiras diferentes pela população, enquanto uns concordam quando astros envolvidos em polêmicas como essa são desligados da indústria, outros questionam o tamanho da relevância que uma atitude na juventude tem em pessoas já adultas e em uma fase diferente da vida. Entretanto, enquanto celebridades que tem o seu passado sombrio, como perpetuadores desse tipo de abuso, revelados ao público, são cancelados e esquecidos, dentro das salas de aulas não é sempre que isso acontece.
A escola possui um contexto social para as crianças na Coreia do Sul. A educação é uma prioridade nacional e é vista como uma das formas mais importantes para os indivíduos ganharem status social, reconhecimento de conquistas e crescimento pessoal. Acredita-se que essa preocupação nacional com a educação tenha contribuído para a intensa pressão que é colocada sobre as crianças para obter sucesso no mercado de trabalho no seu futuro. No país, a proporção da população com baixo nível de educação (abaixo da escolaridade obrigatória do ensino médio) diminuiu enquanto, a proporção acima do nível do ensino secundário aumentou drasticamente, aumentando assim o ambiente de competitividade dentro da escola. Atualmente, o termo mais conhecido e popular para bullying na Coreia do Sul é o wang-ta, e o termo reflete uma característica distintiva do bullying na Coreia, oque significa 'o rei das vítimas isoladas e assediadas por um grande grupo de pessoas'. O termo maximiza o aspecto coletivista de comportamentos agressivos no bullying escolar coreano e
crenças culturais coletivistas parecem ser usadas para justificar um isolamento em relação a uma pessoa que viola a norma do grupo.
No ano de 2021, o movimento #MeToo, onde vítimas de abuso criaram um movimento para finalmente se abrir sobre a violência sofrida, causada muitas vezes por pessoas de grande influência , deu espaço para uma onda de denúncias sobre o bullying em diversos ambientes de trabalho coreano. Uma petição pedindo que a Casa Azul presidencial inicie uma "investigação em nível nacional" sobre abuso físico e mental no trabalho recebeu mais de 150.000 assinaturas. O anonimato que a internet oferece para as vítimas tornou um pouco mais fácil de se abrir sobre o abuso sofrido que é causado muitas vezes por pessoas influentes, ele também levanta questões sobre a justiça dos acusadores que se escondem atrás de perfil online. Temendo ameaças de difamação e reação pública, a maioria dos acusadores postou anonimamente as acusações em fóruns online, isso deu abertura pra que muitas denúncias fossem feitas, entretanto, muitos anti- fãs viram nesse movimento uma oportunidade de atacar celebridades julgando seu passado devido a má repercussão que uma polêmica desse porte trás pra carreira, já que na Coreia do Sul, há um apoio esmagador aos direitos das vítimas de bullying, que é visto como um problema grave no país.
No que diz respeito ao lado jurídico da violência escolar o governo coreano possui sistemas correspondentes que abrangem a prevenção, denúncia e acompanhamento de um ato de violência escolar. A Lei de Violência escolar foi promulgada em 2004, a legislação estipulou que as vítimas devem relatar seus casos às autoridades escolares ou à polícia, e os distritos escolares são obrigados a organizar um Comitê Autônomo de Solução de Violência Escolar. O Centro de Denúncias de Violência Escolar foi ampliado e foi adotado o programa Policial Escolar e com com tais avanços no combate ao bullying a taxa de prevalência de violência escolar na Coréia diminuiu após 2012.
Mesmo que a incidência de violência escolar tenha diminuído, não apenas o surgimento de novos tipos de violência escolar, mas também a invisibilidade e a gravidade da violência escolar podem ser fortalecidas. E ao lidar com os casos de violência escolar, pode-se problematizar a ambiguidade dos critérios de identificação da violência escolar e do bullying e a arbitrariedade do processo decisório. Os julgamentos sobre a punição devem ser feitos de forma a evitar a arbitrariedade dos indivíduos tanto quanto possível e de acordo com as instruções detalhadas unificadas. Para executar a política anti-bullying de forma mais eficaz, é necessário atentar para os problemas que surgiram nos processos de implementação da política.
Em um estudo realizado, foi perguntado aos alunos sobre a razão pela qual as vítimas foram intimidadas e resposta mais comum dos alunos foi 'eu não sei' seguido de 'porque as vítimas estavam sendo arrogantes' ou 'porque não conseguiam acompanhar o estilo atual'.
Essa proporção especialmente alta de respostas "não sei" entre alunos vitimizados sobre as razões para serem intimidados é um dos fatores que mais dificultam o combate ao bullying, se isso é porque eles não são capazes de julgar objetivamente e sentir como os outros pensam ou porque simplesmente não querem admitir um motivo que muitas vezes nem existe é algo incerto, mas o status ilusório de superioridade que o bullying traz ao agressor é o suficiente pra quem busca algum tipo de atenção.
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